quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ora direis ouvir estrelas!!

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"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!”E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."



Esta poesia de Olavo Bilac é uma das minhas preferidas e escolhida a dedo. Quanto ensinamento no trato diário com nossos semelhantes, seres idiossincráticos, paradoxais, subjetivos.
É muito raro não classificarmos as pessoas pela sua condição social, econômica, intelectual, estética, religiosa, racial ou por qualquer outro parâmetro. O ser humano vive sob a ditadura do preconceito. A palavra “preconceito” vem do francês preconçu e significa opinião ou conceito que formamos por antecipação, geralmente, de modo precipitado, sem uma análise mais profunda ou sem o conhecimento de determinado assunto, pessoa, idéia, etc. Segundo Wayne Dyer “a rigidez é à base de todo preconceito, que quer dizer pré-julgamento”. Os próprios pré-julgamentos são uma válvula de escape para evitar as zonas escuras ou enigmáticas e impedir o desenvolvimento.
Para ilustrar o que é um preconceito, tem uma experiência muito interessante realizada por um grupo de cientistas, extraída do livro de M. Grüdtner. Esse grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um dos macacos subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos macacos que haviam ficado no chão.
Depois de várias repetições onde um macaco subia a escada e os outros levavam um jato de água fria, os macacos que ficavam embaixo passaram a encher de pancadas aquele que ousava subir a escada. Passado algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então, os cientistas substituíam um dos cinco macacos. A primeira coisa que o novo macaco fez foi subir as escadas. Os cientistas não lançaram água fria nos macacos que estavam embaixo, mas mesmo assim estes surravam aquele que subia a escada. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada.
Um segundo macaco foi substituído. Ele também tentou subir a escada. E a surra ocorreu, tendo o primeiro substituto também participado, com entusiasmo, da surra ao macaco novato.
Um terceiro macaco foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos macacos veteranos foi substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.

Se fosse possível perguntar, a algum daqueles macacos, porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui”.
Pode ser engraçada esta experiência, mas se analisássemos alguns dos preconceitos que carregamos junto com nossos valores, talvez iríamos descobrir, como na experiência dos cientistas com os macacos, que a maioria deles são conceitos que fomos alimentados em relação às pessoas, às novas idéias ou a outros elementos. Falta de generosidade, de humanismo e principalmente respeito.

Se comecei por Olavo Bilac, termino com Mário Quintana e seu gracioso "Poeminha do contra".

“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”

Stella M.