quinta-feira, 18 de setembro de 2008

VIVA LA VIDA

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ora direis ouvir estrelas!!

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"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!”E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."



Esta poesia de Olavo Bilac é uma das minhas preferidas e escolhida a dedo. Quanto ensinamento no trato diário com nossos semelhantes, seres idiossincráticos, paradoxais, subjetivos.
É muito raro não classificarmos as pessoas pela sua condição social, econômica, intelectual, estética, religiosa, racial ou por qualquer outro parâmetro. O ser humano vive sob a ditadura do preconceito. A palavra “preconceito” vem do francês preconçu e significa opinião ou conceito que formamos por antecipação, geralmente, de modo precipitado, sem uma análise mais profunda ou sem o conhecimento de determinado assunto, pessoa, idéia, etc. Segundo Wayne Dyer “a rigidez é à base de todo preconceito, que quer dizer pré-julgamento”. Os próprios pré-julgamentos são uma válvula de escape para evitar as zonas escuras ou enigmáticas e impedir o desenvolvimento.
Para ilustrar o que é um preconceito, tem uma experiência muito interessante realizada por um grupo de cientistas, extraída do livro de M. Grüdtner. Esse grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um dos macacos subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos macacos que haviam ficado no chão.
Depois de várias repetições onde um macaco subia a escada e os outros levavam um jato de água fria, os macacos que ficavam embaixo passaram a encher de pancadas aquele que ousava subir a escada. Passado algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então, os cientistas substituíam um dos cinco macacos. A primeira coisa que o novo macaco fez foi subir as escadas. Os cientistas não lançaram água fria nos macacos que estavam embaixo, mas mesmo assim estes surravam aquele que subia a escada. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada.
Um segundo macaco foi substituído. Ele também tentou subir a escada. E a surra ocorreu, tendo o primeiro substituto também participado, com entusiasmo, da surra ao macaco novato.
Um terceiro macaco foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos macacos veteranos foi substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.

Se fosse possível perguntar, a algum daqueles macacos, porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui”.
Pode ser engraçada esta experiência, mas se analisássemos alguns dos preconceitos que carregamos junto com nossos valores, talvez iríamos descobrir, como na experiência dos cientistas com os macacos, que a maioria deles são conceitos que fomos alimentados em relação às pessoas, às novas idéias ou a outros elementos. Falta de generosidade, de humanismo e principalmente respeito.

Se comecei por Olavo Bilac, termino com Mário Quintana e seu gracioso "Poeminha do contra".

“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”

Stella M.



sábado, 6 de setembro de 2008

Máscaras!



Quantas profundezas há no humano
E quantas delas são máscaras
Quanto disso é escudo
Quanto disso é carne viva
Quanta dor é cena
Quanto é aço real
Enfrente cada máscara
Desafie cada profundeza
Aponte o meu abrigo
Quebre minhas muletas
Encontre o ponto fraco
Analise meus complexos
Destaque a inconsistência
Confirme a veracidade
Catalogue as mentiras
Traduza a mente
Refaça a ordem
Articule relações
Em preto e branco
A solução do enigma
Diga onde está o refúgio
Ilumine meus recônditos
Exponha meus medos
Desmantele as certezas
Refaça minhas dúvidas
Realce o evasivo
Em cada máscara
Explique seu reflexo
Em cada cor do sentir
Exponha uma existência
Até o abismo infinitesimal
Que remete ao meu âmago
Como um frio na espinha
Um além-das-aparências
Distinga as entrelinhas
Delineie as nuances
E nelas perceba as portas
Invente as suas chaves
Equacione meu tesouro
E me revele a solução
Pulsando na vivência
Esquecida num quarto
Silente como uma criança
Triste, suja e cansada
Sem que haja abrigo
Nos braços da solidão
Onde só sobrevive esperança
Misturada ao pó e às lágrimas
Esperando uma chance de falar
Pela boca de outrem



Sou os atos de uma mente viva
Igualmente verdadeiros
E igualmente falsos
Defina a profundeza
Deste meu embate
Olhe nos meus olhos
Não sou um espelho
Não sou suas verdades
Desvie o olhar e pense
Respire e diga algo real
Mostre minha realidade (humana)
Aponte e não diga mais nada
Dispenso as razões da mentira
Dispenso as razões da verdade
Estou farto de vísceras
Essências de máquinas
Explicações e óticas
E mentiras profundas
Quem passou por mim (passou através)
Quem pensou me decifrar (fez o enigma)
Quem revolveu minhas máscaras (não viu vulto)
Quem explicou minha profundeza (fez o abismo)
Quem não sente o pulsar plano
E o sensível discorrer no raso
Sequer adivinha a riqueza (da superfície)
Em que o viver se derrama
Como a realidade de sentir-se fluir (no agora)
Como uma profusão vivaz (aos olhos)
Como uma sobrecarga (aos nervos)
Como uma intensidade real (à mente)
Como uma verdade fatal (ao medo)
Amordace sua vaidade (erudita)
Antes que ela resmungue
O sancta simplicitas!
Guarde suas abstrações
A quem vive em escuridões (metafísicas)
E se lhe aprouver
Faça-se esquecer
Que tentou ver
E não veja que viu (nada)

AC



quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Pérolas!



Que todos nós temos dificuldades ou problemas é cair no lugar comum. Isso constitui sinal de vida, ou seja, só não têm problemas aqueles que “já repousam de suas lutas”.
Segundo Peale “quando compreendemos que os nossos problemas não são apenas inevitáveis, mas servem a um propósito criativo definido, estaremos elevando nossa filosofia da existência humana. Já não perderemos tempo nos lamentando ou nos compadecendo de nós próprios, tornando-nos ressentidos ou entregando-nos ao desânimo. Aprendemos, aos poucos, a tomar as atitudes como parte do processo de amadurecimento”.
Um exemplo de como as dificuldades produz beleza são as pérolas. As pérolas, com sua história de fascinação e riqueza, são consideradas tesouro de valor inestimável. Elas começam quando um grão, de areia, por exemplo, penetra no interior da ostra, causando-lhe irritação. A concha da ostra possui uma substância lustrosa chamada nácar, que libera suas células, formando camadas e mais camadas ao redor do corpo estranho, a fim de proteger a ostra do intruso. Essas camadas sobrepostas vão formando uma substância lisa e compacta, e, ao final de meses ou anos desse processo, uma linda pérola surge.
Pérolas são, na verdade, frutos do sofrimento. Elas só existem se uma substância estranha é depositada junto à carne da ostra, machucando-a. E, assim como as ostras transformam um grande problema em algo belo, nós também, através das dificuldades do dia-a-dia, poderemos produzir verdadeiras pérolas em nossa existência.



Pense num problema contra o qual vem lutando há algum tempo. Talvez você já tenha pensado em várias alternativas para se ver livre dele, sem contudo, chegar à solução alguma. Mas quem sabe se pensarmos através de uma ótica diferente ele não seria um fator de crescimento. Quem sabe quantas lições este problema esteja nos ensinando, como a paciência, a humildade, o pedir perdão ou o perdoar?
Seja qual for o problema que estejamos enfrentando no momento, existe a alternativa de olhá-lo de forma mais suave, incluindo a vontade de aprender com ele.
White escreveu que “circunstâncias adversas deveriam criar uma firme determinação para superá-las. Uma barreira vencida dará maior habilidade e coragem para seguir avante. Insista na direção correta, faça uma mudança sólida e inteligentemente. Então as circunstâncias serão suas colaboradoras e não empecilhos”.

Stella M.