sábado, 6 de setembro de 2008

Máscaras!



Quantas profundezas há no humano
E quantas delas são máscaras
Quanto disso é escudo
Quanto disso é carne viva
Quanta dor é cena
Quanto é aço real
Enfrente cada máscara
Desafie cada profundeza
Aponte o meu abrigo
Quebre minhas muletas
Encontre o ponto fraco
Analise meus complexos
Destaque a inconsistência
Confirme a veracidade
Catalogue as mentiras
Traduza a mente
Refaça a ordem
Articule relações
Em preto e branco
A solução do enigma
Diga onde está o refúgio
Ilumine meus recônditos
Exponha meus medos
Desmantele as certezas
Refaça minhas dúvidas
Realce o evasivo
Em cada máscara
Explique seu reflexo
Em cada cor do sentir
Exponha uma existência
Até o abismo infinitesimal
Que remete ao meu âmago
Como um frio na espinha
Um além-das-aparências
Distinga as entrelinhas
Delineie as nuances
E nelas perceba as portas
Invente as suas chaves
Equacione meu tesouro
E me revele a solução
Pulsando na vivência
Esquecida num quarto
Silente como uma criança
Triste, suja e cansada
Sem que haja abrigo
Nos braços da solidão
Onde só sobrevive esperança
Misturada ao pó e às lágrimas
Esperando uma chance de falar
Pela boca de outrem



Sou os atos de uma mente viva
Igualmente verdadeiros
E igualmente falsos
Defina a profundeza
Deste meu embate
Olhe nos meus olhos
Não sou um espelho
Não sou suas verdades
Desvie o olhar e pense
Respire e diga algo real
Mostre minha realidade (humana)
Aponte e não diga mais nada
Dispenso as razões da mentira
Dispenso as razões da verdade
Estou farto de vísceras
Essências de máquinas
Explicações e óticas
E mentiras profundas
Quem passou por mim (passou através)
Quem pensou me decifrar (fez o enigma)
Quem revolveu minhas máscaras (não viu vulto)
Quem explicou minha profundeza (fez o abismo)
Quem não sente o pulsar plano
E o sensível discorrer no raso
Sequer adivinha a riqueza (da superfície)
Em que o viver se derrama
Como a realidade de sentir-se fluir (no agora)
Como uma profusão vivaz (aos olhos)
Como uma sobrecarga (aos nervos)
Como uma intensidade real (à mente)
Como uma verdade fatal (ao medo)
Amordace sua vaidade (erudita)
Antes que ela resmungue
O sancta simplicitas!
Guarde suas abstrações
A quem vive em escuridões (metafísicas)
E se lhe aprouver
Faça-se esquecer
Que tentou ver
E não veja que viu (nada)

AC