quarta-feira, 30 de julho de 2008

PoEsiA eM fOrMa dE GaTo!

Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Tu tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.



Fernando Pessoa


Leitura do gato

O gato nunca é o gato
mas a ausência domesticada
vê-se bem felinamente

que de abstrato
só tem o dono
seu fruto/furto

maduro ou podre
é o salto
que interna-se

no próprio gato

André Ricardo Aguiar



O gato tranqüilo

Ei-lo, quieto, a cismar, como em grave sigilo,
vendo tudo através a cor verde dos olhos,
onça que não cresceu, hoje é um gato tranqüilo.
A sua vida é um "manso lago", sem escolhos...
Não ama a lua, nem telhado a velho estilo.
De uma rica almofada entre os suaves refolhos,
prefere ronronar, em gracioso cochilo,
vendo tudo através a cor verde dos olhos.
Poderia ser mau, fosforescente espanto,
pequenino terror dos pássaros;
no entanto, se fez um professor de silêncio e virtude.
Gato que sonha assim,
se algum dia o entenderdes,
vereis quanto é feliz uma alma que se ilude,
e olha a vida através a cor de uns olhos verdes.

Cassiano Ricardo



Teu nome é gato...

Tens na noite teu abrigo
No perigo,
teu amigo
Liberdade é música
que fica onde passa fazendo graça.
De repente só vc sente sons que pairam no ar...
e devagar ...
seus olhos buscam o que eu não posso ver...
só crer...
Quando cansas da noite lá fora
voltas teus passos em meus abraços
Agora...
derrama teu carinho
e faz de minha cama
teu ninho...
conforto,
de fato
teu nome
é gato.

Cida Souza